Holland

10 July 2007

Holanda. Moinhos, tulipas, sapatos de pau, queijo, bicicletas e muitas bicicletas. Terra de Van Gogh e Rembrandt. Acabei de chegar a Amsterdã e já posso falar das primeiras impressões. A cidade é bem caótica, com 750 mil habitantes, maioria estrangeiros. O nome Amsterdã (em Holandês Amsterdam) vem do rio Amstel que cruza a cidade (Amster [significa originário do Amstel] + dam [represa]). O estilo das casas lembra muito o Reino Unido em outros momentos lembra a Alemanha. Quanto à disposição da cidade é como se fosse uma Veneza bem construída: Muitas pontes e rios (aliás, aqui há mais pontes do que em Veneza, mais de 400 diga—se de passagem), barcos passando a todo o momento, pessoas jantando em barcos, fazendo festa e tours pela cidade. Só que um passeio de barco pela cidade não custa tão caro quanto em Veneza. Aqui você paga 7,50 e em Veneza, dependendo de como for fazer pode pagar até 70—100 euros. Italiano mete a mão mesmo. Outra coisa curiosa é que há casas flutuantes. Você pensa que está vendo um barco, mas é na verdade uma casa com jardim, eletricidade, sala e quartos, só que num barco. E essas casas também têm nùmeros. Engraçado. Mas carros também circulam pela cidade assim como metrô e bondinho, ao contrário de Veneza. A Holanda é um país com mais ou menos 16 milhões de habitantes, com uma das maiores densidades demográficas do mundo, cerca de 450 pessoas por metro quadrado. 16 milhões de pessoas num país menor que o Espírito Santo.

E a Holanda faz muito mal para o seu casamento. Incrível que as pessoas também parecem ter uma genética privilegiada, você só vê gente grande, magra, loira de olhos azuis. Hoje passei na frente do jardim de infância e só tinha criança loira. Holandês é grande, se não engano um dos povos com maior estatura do mundo. A maior concentração de gente bonita que eu já vi, depois da Dinamarca e Suécia. E um povo muito educado. Sempre pronto para dar informação. Sem contar na organização. Todas as partidas são pontuais, há conexões para todas as partes do país e pessoas civilizadas no trânsito. Interessante também é que aqui você ganha dinheiro do governo pra estudar. Entrando na universidade você recebe mensalmente 400 euros por mês do governo por 5 anos. Na Alemanha você também pode receber, mas tem que pedir e no fim do curso universitário tem que pagar de volta. Na Holanda não. O dinheiro é pra você. Mas lógico, que só para Holandeses.

Fato curioso é que os holandeses não se chamam de holandeses, nem o país deles de Holanda. O nome do país na boca do povo é "Nederland" o que se traduz por Países Baixos. O motivo pelo qual o país é chamado assim é porque ele se encontra a aproximadamente seis metros abaixo do nível do mar em algumas partes do país. Mar, aliás, é uma palavra chave. O país sempre sofreu pelo fato das tempestades aumentarem o nível do mar e com isso inundarem parte do país. Mas isso é coisa do passado. Hoje o país todo se protege com barragens e eles têm um controle tão preciso do negócio, que quando prevêem a chegada de uma tempestade, eles bombeiam uma quantidade de água pra fora das barragens e com isso abaixam o nível das águas nas cidades. Quando a tempestade chega e aumenta o nível da água, fica tudo como estava antes, porque já tinham baixado o nível. Incrível. Outra coisa também muito relacionada ao mar é que a atividade portuária ainda tem grande papel na economia do país, Amsterdã é o maior porto ligado ao Mar do Norte e Roterdã é um dos maiores portos do mundo. Aliás, Amsterdã não é uma das cidades mais velhas da Europa à toa. Nota—se a idade da cidade só andando pelas ruas — em algumas lojas você vê fotos da cidade como centro comercial Europeu no século 17 e a cidade parece ainda ser a mesma. As comidas típicas são geralmente feitas com batata amassada e outros legumes. Muita sardinha e muito queijo. Diz a lenda que no primeiro dia do ano, há uma corrida de barcos mar adentro e o barco que traz as primeiras sardinhas do ano é o vencedor. As primeiras sardinhas frescas do ano são então entregues à rainha (Beatrix). Típico é comer sardinha no pão. Há bancas de pão com peixe espalhadas pelo país todo.

A cidade tem fama de ser uma das mais liberais da Europa, muita coisa é legalizada como maconha e prostituição. Então você pode realmente chegar num café e pedir um "joint". Só que esses cafés estão bem reduzidos e parece que estão querendo restringir a venda só pra residentes da Holanda. Em Amsterdã também existe o tal do "Distrito da luz vermelha". Lá é meio barra, pois as ruas estão constantemente fedendo maconha e você passa na frente de prostíbulos e vê um monte de prostitutas nas vitrines das lojas vestidas de lingerie e sapato alto chamando clientes pra entrar. Na verdade existe uma lógica por trás da legalização da prostituição. Sendo tudo legalizado o governo arrecada impostos das prostitutas e da venda de drogas também, que antes eram negociadas no negro. Às vezes a gente vê limusines passando pela cidade e pode ser que se trate de um cafetão circulando com uma prostituta para caçando clientes para ela. Além disso, as prostitutas que ficam nas vitrines não estão lá só trabalhando, mas ela alugam uma vitrine para poder se expor.

Todo mundo anda de bicicleta. Parece o meio de transporte preferido de todos. Há mais bicicletas que carros na cidade e ciclovias em todos os cantos. Isso dá uma atmosfera ùnica à cidade. Existem bicicletas acorrentadas em todos os cantos e você vê executivos andando de bicicleta, assim como estudantes e madames passeando com cachorro — todo mundo de bicicleta. Até eu aluguei uma hoje pra rodar a cidade toda. Além disso, não há só auto—estradas para carros, mas também há ciclovias que percorrem todo o país! Quer melhor que isso?

Aqui tem cada apartamento lindo, muitos deles com janela pra rua, então todo mundo que passa pode te ver jantando com sua família, ou ver você tomando café — isso lógico se você não tiver cortina (o que parece ser freqüente). Mas acho que o motivo principal para isso é que os holandeses são os especialistas em decoração de interior. Se alguém deu esse título para os italianos errou. Acho que nunca vi um país onde se dá tanta atenção para o design. Vejam as fotos de Roterdã, é simplesmente arquitetura e design espalhado para todos os lados. Parece que as casas saíram de um livro. Cada uma mais bonita que a outra, bem decoradas e com jardins perfeitos.

No segundo dia fomos a uma cidade chamada Edam. É a cidade produtora de queijos mais famosa na Europa depois de Gouda. Então tem um mercado de queijo todas quartas—feiras, só que hoje eu perdi. Museus também estão espalhados pela cidade. Pra mulherada que se amarra aqui tem um museu de bolsas. Imagina o que não se acha dentro desse museu.

No quinto dia fui também à Bélgica, somente à Bruxelas. A viagem começou dando errado, pois a passagem custou mais caro do que foi anunciado na internet. Aí pensei em desistir, mas o fogo na bunda de viajar não deixa ficar quieto, né? De Amsterdã até Bruxelas você viaja de trem só três horas. Mas outro motivo que me levou até lá, foi que meus antepassados vieram de lá e eu queria pisar na terra dos de Bruin. Achei uma loja com meu sobrenome em Amsterdã, mas não em Bruxelas. Meu sobrenome se pronuncia parecido com o Brown do inglês. Maneiro, né? Achei que eu fosse ter um "déjà vu", mas acho que meus ancestrais não chegaram a ir à Bruxelas. Chegando à Bruxelas ainda tive que procurar albergue e este ficava num "subaco de cobra", como diz um primo meu. Mas gostei muito da cidade. Com uma arquitetura bem diferente da Holandesa. Andei igual um condenado, mas devo ter tirado umas 300 fotos em um dia só. Além disso, lá se encontra a sede da União Européia. Isso eu queria fotografar. E é realmente gigantesca. Depois queria ainda ir a Antuérpia, capital dos diamantes, mas não tive mais pique pra bater perna. No fim da viagem à Bruxelas minhas pernas não estavam mais respondendo. Acho que nunca andei tanto na minha vida.

A língua é bem parecida com o alemão e eu vivo achando que estou entendendo. É uma mistura muito engraçada de alemão com inglês. Então quando alguém fala comigo eu muitas vezes entendo, mas respondo em inglês. Acho que pode se comparar com português e italiano. As duas línguas não são tão próximas quanto português e espanhol, mas dá pra se comunicar com uma certa resistência. No entanto às vezes a gente se engana, uma hora uma cara me perguntou se eu já ia dormir e eu achei que ele estava me chamando de piranha. Mico! Eles não se cheiram muito com os alemães, porque como todos sabem a Alemanha invadiu a Holanda na Segunda Guerra e ficou aqui quatro anos reprimindo esse povo. Então ainda há muita gente que perdeu parentes, mortos pela polícia alemã, ou mandados pra campos de concentração. E na época da guerra a rainha da Holanda (aqui é monarquia), teve que fugir do país e ir para Londres, de onde ela ficou incentivando movimentos de reação a invasão alemã. Então existe uma certa rixa. Mas de forma curiosa isso é mais forte entre os jovens. Ontem fomos à Casa de Anne Frank. Essa foi uma menina que ficou escondida por dois anos com sua família durante a ocupação alemã. Faltando poucos meses para o fim da guerra eles foram encontrados, mandados para um campo de concentração e mortos. É, a história da segunda guerra se espalha por toda a Europa.

Bom, no fim dessa crítica turística eu recomendo a Holanda com força. Com certeza um dos países mais bonitos que eu já visitei. Foi um total de 10 cidades em oito dias e mais de 1600 fotos.

Abraços

Al