Irlanda

1 May 2013

A Irlanda é um país carregado de história, lar de bandas como o U2 e Cranberries — ou escritores famosos como James Joyce, Bernard Shaw e Oscar Wilde. A Irlanda se tornou independente do Reino Unido por volta de 1949. E até então eles alegam ter sofrido o pão que o diabo amassou na mão dos britânicos. É uma história com vários pontos trágicos, como a fase da "grande fome" (leia mais aqui ) em que mais de um milhão de pessoas ou morreu de fome ou imigrou para os EUA — e não receberam ajuda nenhuma da Inglaterra. Ou mesmo depois quando soldados britânicos atiraram em protestantes desarmados na Irlanda do Norte, o que ficou conhecido com o "Bloody Sunday" (leia mais aqui). Tudo isso logicamente só alimentou um sentimento: o ódio aos britânicos. O ódio incentivou grupos terroristas como o IRA, que foi responsável por várias explosões em bares na Irlanda do Norte e Inglaterra nos anos de 90. Ódio tanto sobre o status indefinido da Irlanda do Norte quanto sobre os problemas originados entre católicos e protestantes. Um artigo pode se ver aqui.

Eu tenho a impressão que esse passado mal digerido e esse ódio ainda são responsáveis pelos problemas sociais de hoje: o desemprego é o sexto maior na União Europeia. Além disso, alguns clichés se confirmam só em você andar pelas ruas: alcoolismo, pedintes, adolescentes grávidas e violência. Irlandês tem fama de ser brigão e realmente às vezes você vê nas ruas uns sujeitos bem intimidantes. Tudo bem que isso não é particular da Irlanda. É possível ver isso na Europa inteira. Mas sabe—se que o povo aqui é chegado na birita: o "irish coffee" não é conhecido pela qualidade do café, mas sim pela forma de preparo: sempre com whisky. O whisky a propósito é excelente :)

Apesar desse ódio todo em relação aos britânicos, os irlandeses ainda carregam muita coisa da época da colonização: o inglês é a língua oficial, os pubs, a cerveja deles também é parecida com a inglesa, a comida, mão inglesa e outras coisas. Além do inglês como língua oficial também se vê tudo escrito em Gaels — língua céltica que se fala na Irlanda e na Escócia. Eu não tenho certeza sobre a denominação linguística correta para essa língua, mas acho que não devo ter cometido lá uma gafe tão grande.

Outra coisa que se nota é a importância do folclore e da religião para o irlandês. Não que eles sejam cristãos exemplares, mas a Irlanda do Norte é extremamente católica — ao ponto de não aceitarem métodos anticoncepcionais, pelo fato de não destes não serem aprovados pela igreja católica. E como dito antes a religião também é motivo de guerra até hoje — veja mais aqui. Isso logicamente também significa que a Irlanda é um dos países mais conservadores na Europa.

O folclore é interessante: cheio de crenças sobre duendes e figuras mágicas. Uma estória que eu ouvi e achei interessante foi sobre a "banshee". A banshee é a figura de uma mulher que aparece para anunciar a morte. Então quando alguém está prestes a falecer a banshee canta. Isso me lembra do meu avô, que dizia que já tinha visto o saci.

As paisagens da Irlanda são muito bonitas: muitos penhascos, muitas ovelhas e montanhas. Vale a pena fazer um tour pela ilha. A ùnica coisa que não incentiva o turismo é o tempo — irlandês diz que na Irlanda ou está chovendo ou vai chover. Bom, eu não posso confirmar isso porque eu não peguei tanta chuva — mas fez muito frio. Estamos no fim de Abril, começo de Maio e as temperaturas não passam de 10 graus — só que com o vento constante parece menos 10 graus. Apesar dessas temperaturas baixas Dublin está cheia de brasileiros. Eu acho que eu ouvi português na metade dos lugares que eu estive. Então se quiserem vir pra Irlanda aprender inglês, não venham pra Dublin.

Concluindo, as impressões de Dublin são confusas: cidade bem organizada, alegre, bom destino para os boêmios e com boa oferta cultural, mas eu acho que precisa—se de mais tempo pra se achar um canto aconchegante na cidade. Não posso dizer que tive muito contato com o irlandês, além dos guias turísticos e das pessoas que conheci nas ruas, mas de um modo geral a impressão foi positiva: no geral o povo é amistoso e cordial — um pouco amargo pelo passado, mas cordial. Vale a pena visitar para formar sua própria opinião.

Bom agora eu acho que já falei demais.

Abraço