Relato sobre Roma

10 March 2011

Roma: a cidade transpira cultura por todos os poros. A cada esquina tem alguma coisa que te lembra de um professor de história em alguma série da sua vida. Bom, eu não lembrei dos nomes dos professores, mas definitivamente você se lembra dos fatos — ou você se lembra que era pra ter estudando um pouco mais quando teve aula — o que é mais ou menos meu caso.

A comida é fenomenal. Dica nùmero um: não venha pra Roma querendo emagrecer. Os vinhos são fora do comum, o queijo é mais gostoso, as massas são perfeitas — mas pizza ainda prefiro a brasileira (sem catchup). Diz a regra que quando você vai a um restaurante o certo é pedir uma entrada, o primeiro prato, o segundo prato e uma sobremesa. O primeiro prato é geralmente massa e o segundo é carne. Comida é arte e degustação é levada a sério. Agora sem brincadeira, tem tanto queijo bom e a padaria é uma tentação. Acho que o papa tinha que abolir a gula da lista de pecados.

Dica nùmero dois pra quem quiser vir pra Roma: não venha no inverno, porque é frio! Passei um perrengue no primeiro dia, porque pensei: Itália não tem inverno, pior que a Alemanha não pode ser. Bom, não diria que é pior que a Alemanha, porque aqui pelo menos o sol dá as caras, mas sem jaqueta não dá.

País da moda: lógico que tem um povo que insiste em andar lambaio na rua. A moça que vende passagem fica sentada na praça só com calça de moleton, chuquinha na cabeça e camiseta tamanho GG escrito "I like it from behind!" — Isso tem! Mas você nota que o país de onde saiu Versace e Armani faz jus ao nome. Muita gente bem arrumada, passeando na rua. Mulheres bem vestidas — elegância é sinônimo de discrição. Chique é quem não chama a atenção só pelo que veste, mas pela elegância. No outro lado tem as peruassas também — mulheres que você vê no comprimento horizontal da boca que elas têm no mínimo umas 5 plásticas de bagagem. Mas isso é outro departamento. A moda masculina também não fica para trás — mas tanto pra mulheres quanto para homens é bom preparar o bolso, porque é tudo caro.

País dos contrastes: por um lado eu acho que a Itália tinha tudo pra ser um dos melhores países da Europa. Por outro eles têm um certo desprezo da minha parte por não conseguirem se livrar do atual presidente: Berlusconi. O homem é asqueroso — dá festas do cabide com outros chefes de estado, faz comentários racistas em pùblico, se deixa flagrar com prostitutas sendo ainda casado, participa de programas do tipo Ratinho por telefone. Como um país de tanta cultura segura um sujeito desse como seu representante? Economicamente acho que Itália não está tão mal, mas se eles tivessem alguém que entendesse do que está fazendo, estariam bem melhor. Tirando Berlusconi, eles puseram também a Cicciolina, famosa atroz porno, no parlamento. Sem preconceito porque eu não sou santo, mas pra entrar no parlamento você devia pelo menos ser competente. Querem saber o perfil dela é só procurar suas gafes no google. Acho que todo povo tem o representante que merece, mas me surpreende muito a Itália escolher justamente esses.

Hoje em dia o que Berlusconi faz com a Itália é a re—encenação do "pão e circo". Ele é dono da maior rede de televisão da Itália e ele promove literalmente uma lavagem cerebral. E pelo fato de os programas mais assistidos na Itália fazerem propaganda para ele, o povo o elege novamente. Há pouco tempo atrás ele tinha três quartos de todos os votos. Eu me pergunto, com tanta falcatrua e pilantragem na política italiana, o que classifica a Itália como um país de primeiro mundo e o Brasil como país emergente?