Tailândia

5 March 2013

Bangkok é luxo e lixo: com restaurantes no topo de prédios altíssimos, piscinas e bares sobre a cidade toda, favelas e muito engarrafamento. Quatorze dias divididos entre o norte e o sul do país. Coisas estranhas como sopa no café da manhã, ovos chocos como delicatesse (leia mais aqui ) ou sopa de ninho de passarinho (leia mais aqui). Lógico que nós não provamos de tudo. Minha curiosidade tem limites. Mas vale a pena ver o que o eles têm do outro lado do mundo. Foi minha primeira viagem à Ásia e os viajantes profissionais dizem que a Tailândia é o melhor país se iniciar com a cultura oriental. Rolou trem pau—de—arara com vendedor de comida, metrô cheio e carro de churrasquinho da pracinha — tudo para viver o dia—a—dia. O país é cheio de SPAs. Acham—se SPAs com diárias de 90—100 reais com direito a café da manhã e praiana. A desvantagem para o brasileiro é o voo longo: no mínimo 24 horas de voo e 10 horas de fuso horário. A viagem foi excelente, as impressões seguem abaixo — as fotos estão aqui

A viagem: Foram doze horas de voo, primeira vez na Ásia. Planejamos 4 dias em Bangkok, 4 dias numa cidade chamada Chiang Mai, perto de Laos e depois mais cinco dias visitando um amigo numa ilha chamada Koh Samui. Bangkok eu achei bem interessante. Eu esperava na verdade não ver nada de Ásia em Bangkok, mas sim uma cidade mais com cara de ocidente. Tão errado eu não estava — Bangkok é muito moderna, com excelente infra—estrutura para o turista, mas sempre nota—se um pouco da Ásia, principalmente na comida. A cidade tem vários contrastes: prédios altos e favelas nas periferias. Oficialmente eles usam a mão inglesa, mas na prática é cada um por si e Deus nos acuda. A cidade também oferece contrastes nos preços: você pode comer em um restaurante por 400 reais — ou comer algo não menos gostoso na esquina por 4 reais (sem exagero). De Bangkok para Chiang Mai nós pegamos um trem noturno que demorou 15 horas pra chegar ao destino. Foi mais pela experiência de ver como o sistema de transporte funciona e acho que não deixou nada a desejar (pelo menos para no meu ver). De Chiang Mai para Koh Samui nós voamos 1h e 45min. Tudo pontual e com aeroportos modernos.

Os tailandeses: Povo sorridente e educado. Acho que educação e hospitalidade seriam as palavras certas para descrever o jeito do povo. Como é a primeira vez que eu venho à Ásia eu vejo uma diferença clara na forma das pessoas interagirem. Me parece que existe mais paciência e respeito um com o outro de forma geral, mas eu só estou falando das minhas impressões. Não sei descrever ao certo porque eu tenho esta impressão, acho que é pelo fato de não se ver pessoas falando alto. Ou por exemplo, comparando com os árabes: quando você vai a um mercado árabe eles te pegam pelo braço, te chamam pra dentro da loja deles e são mais ousados. Isso é algo que não aconteceu aqui. Todos os vendedores te olham e se você fizer contato visual eles sorriem para você.

A religião: A religião deles é o budismo. Um dia vou escrever uma tese sobre a influência da religião na cultura do povo. Acho que por isso os tailandeses têm essa calma e paciência. Lógico que também há corrupção e tal. Não se trata de um povo perfeito. Mas apesar de ser considerado terceiro mundo, você anda em Bangkok, uma cidade de milhões de pessoas e nós andamos com câmera na mão o tempo inteiro, sem a sensação de estarmos em perigo — o contrário do Rio do Janeiro.Outra coisa interessante é que eles estão no ano 2556. O tempo é contado em referência a Buda, assim como nós usamos o nascimento de Cristo. Só não sei se eles usam o nascimento de Buda ou a época em que ele virou monge. Vêem—se muitos templos por aqui. E a religião parece ter um papel muito importante na vida do tailandês. Mas acredito que a forma cordial do tailandês e a segurança que se sente nas ruas têm a ver com o budismo.

A comida: A princípio eu estava meio com o pé atrás com a comida, porque eu sabia que asiático é chegado na pimenta. E realmente eu estava certo. Mas tenho que admitir que a comida é muito boa. Muitos legumes, diferentes tipos de saladas, sopas e chás e frituras também. Alguns exemplos: salada fria de fio de soja com limão e hortelã, ou rolinho primavera envolto com folha de arroz recheado com hortelã, manjericão e camarão cozido, ou curry verde (sopa de leite de coco, com beringela). Muita coisa diferente. O café da manhã não é necessariamente café com pão como de costume, mas sim sopa de arroz picante. Eles comem arroz no café, almoço e jantar. Chá de gengibre rola solto, chá de menta com gelo pra acalmar o calor de 35 graus. A gente comeu na maior parte do tempo em algum restaurante recomendado por amigos ou pelo guia de viagens — mas também comemos comida da rua, para provar o "churrasquinho do miau". A pesquisa de campo não teria sido completa se não tivéssemos comido na tia da esquina. Outra coisa que se nota com frequência são folhas de limão nas sopas. Faz bastante diferença. Hoje nós nos matriculamos num curso de culinária, mais por curiosidade. Daqui a pouco a escola vem pegar a gente no hotel e vamos primeiro para a feira para comprar os ingredientes. Tudo será documentado em fotos.

A língua: Muito complicada. Eles têm um alfabeto de 44 consoantes e 15 vogais, de acordo com a Wikipedia. Uma escrita complicadíssima e eu diria que a pronùncia é impossível de se aprender como segunda—língua. Eles combinam sons e intonações de forma que as palavras signifiquem coisas diferentes, por exemplo a palavra "mai" pode ter cinco significados diferentes, dependendo de como for a intonação. Eles também usam nùmeros diferentes. A escrita parece com alguma língua da Índia. A gramática por outro lado muito é simples.

Comparação com o Brasil: Uma das coisas que deixa qualquer brasileiro com inveja é o preço da telefonia celular aqui. Eu arrumei um pacote no qual eu recebi um nùmero de celular novo, com internet grátis por 7 dias e para isso eu paguei 30 reais. Reinhard comprou um pacote sem internet e ele liga para Alemanha com o celular dele e paga centavos. O Brasil tem que tornar a telefonia celular mais acessível. Lembro que há 10 anos atrás eu pagava 60 reais por mês de celular e quase não fazia ligações. Eles têm um PIB bem abaixo do brasileiro e pode—se ver pobreza no país, mas no geral fica uma impressão boa. O PIB baixo também se mostra no salário mínimo: mais ou menos 20 reais por dia. Quanto à infra—estrutura eu diria que eles estão um pouco a nossa frente: eles têm também aeroportos modernos espalhados pelo país inteiro, um sistema de trens relativamente largo e rodovias. Daí vem outro paralelo com o Brasil: os aeroportos! A gente tem que dar uma melhorada nos nossos aeroportos. Principalmente RJ e SP. O preço para se locomover é também baixo para o turista. Aliás tudo é muito barato para o turista: você come muito bem por 15 reais. Pelo fato de tudo ser muito mais barato para o turista, eles também têm outros preços para os gringos. Mas mesmo assim sai tudo muito em conta (se comparado com o preço das coisas no Brasil). Quanto ao preço das coisas no Brasil, acho que o preço mais alto torna o Brasil menos atraente para os turistas, mas por outro lado, não há porque nós devamos pedir menos dinheiro do que se paga no resto do mundo, com uma ressalva: se o serviço estiver à altura do serviço que se recebe nos países de primeiro mundo. E, com todo amor a minha pátria, mas com criticidade, eu acho que no Brasil os preços aumentaram nos ùltimos dez anos, mas a qualidade do serviço e atendimento ao consumidor não aumentaram junto com os preços.